O Modelo de Negócio da Buser é do tipo plataforma multilateral pois conecta grupos de pessoas que querem fretar ônibus com empresas proprietárias de ônibus.

A Buser é um aplicativo que permite a grupos fretarem ônibus para viagens intermunicipais. É uma espécie de aluguel coletivo de um ônibus – os usuários fretam um ônibus por meio da plataforma para um determinado trajeto e racham o custo da viagem.

Disponível em smartphones com sistema Android e iOS, o app está ficando cada vez mais popular, sob a promessa de que as tarifas cobradas via Buser alcancem uma economia de até 60% em relação às oferecidas nos guichês das estações rodoviárias.

Bastante nova no mercado, a Buser foi fundada em 2017 e está em constante expansão a fim de aumentar sua área de atuação no território nacional. Atualmente, a plataforma está mais restrita às capitais e/ou maiores cidades de cada estado brasileiro, tendo uma abrangência maior somente no sudeste do Brasil.

Vamos conhecer, agora, um pouco mais sobre o modelo de negócios da Buser, que vem incomodando tanto os gigantes do setor, que as brigas na justiça já viraram lugar-comum para a companhia.

Um breve histórico da Buser

A Buser foi fundada no ano de 2017 por Marcelo Abritta e Marcelo Vanconcellos, em Belo Horizonte.

Na metade daquele ano, a empresa teria feito a sua primeira viagem, da capital mineira até Ipatinga, mas ela foi impedida ainda na rodoviária, por uma liminar da justiça. Os passageiros foram, então, realocados em ônibus de companhias tradicionais, com passagens pagas pela própria Buser, para não serem prejudicados.

Então, ainda em setembro de 2017, aconteceu a primeira roda de capital semente, oriundos de fundos de investimento em startups: Canary, Yellow Ventures e Fundação Estudar Alumni partners.

Esse primeiro investimento permitiu que a empresa contratasse um especialista em direito regulatório aqui no Brasil, a fim de entender tudo o que se referia à legalidade do modelo de negócio da Buser.

Então, conseguiram reverter a decisão da justiça e voltar a operar, dentro de um modelo legalizado, o que permitiu que a segunda viagem – a primeira completa – acontecesse no ano seguinte, em março de 2018.

Como funciona a Buser

O usuário que quiser fazer uma viagem através da Buser deve baixar o aplicativo em seu celular. O download está disponível tanto na Google Play Store quanto na App Store.

Então, será solicitado a preencher um cadastro, com nome completo, e-mail, telefone etc. No cadastro, o novo usuário ganha R$ 10,00 de crédito para suas viagens. Então, ao escolher o itinerário, deverá informar dados do passageiro, inclusive CPF e realizar o pagamento da passagem, via cartão de crédito ou boleto bancário.

O valor da passagem varia, pois é determinado de acordo com o número de pessoas que comprarão o mesmo trajeto – o valor do serviço será dividido entre todas os passageiros do ônibus fretado.

Cada viagem só será feita se atingir o número mínimo de pagantes. Caso isso não aconteça, o usuário é reembolsado. Mas o app oferece uma estimativa, um cálculo sobre a probabilidade de tal viagem acontecer, baseado no volume de buscas para esse itinerário, número de reservas em relação ao tempo que falta para a data de saída, além da disponibilidade de fretamento.

A Buser não possui frota própria. A plataforma faz parcerias com empresas de ônibus fretados. Geralmente, são empresas pequenas, familiares, pessoas que já trabalham para o setor de turismo, normalmente.

Todas essas companhias parceiras estão regulares e autorizadas pelos órgãos federais competentes, incluindo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Além disso, a frota das empresas é avaliada pela Buser, antes de ser creditada como parceira.

Ao incluir uma nova cidade em sua área de abrangência, a Buser mapeia todas as empresas que podem fornecer o serviço de transportes intermunicipal, além das rotas mais comuns e destinados mais frequentes dos habitantes daquele município.

Após, verifica quais lugares podem ser pontos de embarque, já que, por se tratar de fretamento, os veículos contratados pela Buser não podem efetuar embarques e desembarques em rodoviárias.

A origem e o destino final, portanto, podem variar de acordo com o itinerário escolhido. No entanto, esses pontos de encontro devem ser selecionados dentro de uma lista de opções informadas pela plataforma Buser no momento da reserva. Os assentos no ônibus também não têm reserva e serão definidos somente no momento do embarque.

Quanto aos custos, a Buser já terá acordado com as empresas parceiras os valores para determinados trechos. Quando o usuário entra no aplicativo e seleciona um trajeto, a Buser informa o valor máximo que ele irá pagar pela viagem – o que será pago por cartão ou boleto.

Se mais usuários reservarem aquele mesmo trecho mais adiante, aumentando a ocupação no veículo, o valor cobrado por passageiro diminuirá, porque o valor do serviço será dividido por mais pessoas.

Nesse caso, a Buser devolver parte do valor pago. Logo, o usuário só saberá o valor final que terá pago ao final da viagem contratada. De qualquer forma, a Buser estima que o valor médio cobrado por usuário costuma ser 40% a 60% menor do que as tarifas das empresas tradicionais.

Como a Buser ganha dinheiro

A fonte de receita da Buser está descrita dentro da área de Ajuda do site da empresa. Segundo explicitado lá, “a Buser recebe uma comissão, paga pela empresa de fretamento contratada, que varia de 5 a 20%”.

Mas, além desse fluxo de receita padrão, a empresa conta com investimentos externos, como já mencionado acima. Além dos três investidores iniciais, houve uma outra rodada em novembro de 2018, com a participação dos fundos Valor Capital e Monashees.

A Valor Capital já tinha experiência com aportes em empresas de transporte de carga, com a CargoX, enquanto a Monashess já era investidora da 99, empresa de transporte de passageiros.

Por fim, os aportes mais recentes foram confirmados em outubro deste ano de 2019, liderados pelo Softbank e pelo Grupo Globo. Com os recursos provenientes desse investimento somados ao caixa da companhia, a Buser pretende investir cerca de 300 milhões de reais nos próximos 12 meses, para expandir sua popularidade, funcionalidades e rede de parceiros.

Essa última rodada também foi acompanhada pela Canary, Valor Capital e Monashees.

Modelo de Negócio da Buser

O Modelo de Negócio da Buser desenhado no Business Model Canvas

A Buser até o momento

Nesses dois anos de vida, mais de 250 mil pessoas em cerca de 50 cidades brasileiras já utilizaram os serviços da Buser. Além disso, o faturamento da empresa cresceu 15 vezes em 2019, comparando com o ano anterior.

Atualmente, a empresa tem garantido transporte para aproximadamente 1.700 pessoas por cada dia da semana e mais de 3.000 passageiros a cada final de semana.

O mercado da Buser ainda tem um grande caminho para crescimento, visto que os itinerários intermunicipais giram de 15 a 25 bilhões de reais por ano, mas apenas 10% das passagens de ônibus são adquiridas via internet.

 

Daniel Pereira

Daniel é maluco por negócios e não consegue deixar de usar o Business Model Canvas para analisar os mais diversos tipos de Modelos de Negócios. Ele é o Analista de Modelos de Negócios

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