Conceitos

Qual é a diferença entre Design Thinking, Lean Startup e Agile?

Quando você começa a estudar a respeito de modelagem de negócios, você passa a se deparar com diversos termos, que se repetem, se misturam e, com frequência, se confundem. Uma confusão que acontece bastante se dá entre os termos Design Thinking, Lean Startup e Agile.

No entanto, esses três conceitos são pontualmente diferentes e, além disso, complementares. Por isso, vamos entender como separar essas metodologias em suas características peculiares para, então, compreender como elas podem ser combinadas, de forma a tirar o maior potencial de cada uma delas.

Design Thinking

Antes de qualquer coisa, é importante destacar que, apesar do nome, o Design Thinking é não é método exclusivo de designers. Ao contrário, ele cabe a todo e qualquer profissional que esteja buscando inovar.

A peculiaridade do Design Thinking em relação aos demais processos é que este se concentra nas pessoas. A palavra aqui é “empatia”. É entender a dor do consumidor, tentar oferecer o melhor para a pessoa que vier a utilizar esse produto ou serviço. Em resumo: entender a necessidade humano por trás dele.

Quando executado corretamente, o Design Thinking permite capturar a mentalidade das pessoas para quem você está criando, de forma a enxergar oportunidades com base nas dores e desejos dessas pessoas.

Assim, o Design Thinking leva a soluções inovadoras, não apenas incrementações e melhorias simplórias. Essa metodologia é composta de cinco estágios:

  1. Empatia: o primeiro passo é obter um entendimento empático do problema que se está propondo a resolver. Isso envolve entender as experiências e motivações do cliente e mergulhar em seu ambiente, a fim de deixar de lado as próprias suposições sobre o mundo e vê-lo sob a ótica do consumidor.
  2. Definição do problema: então, parte-se para a análise das informações reunidas no primeiro estágio, de modo a sintetizá-las para definir o problema principal. Esse problema deve ser centrado no ser humano. Por exemplo, ao invés de dizer “precisamos aumentar as vendas de protetor solar no inverno”, diga “as pessoas precisam usar protetor solar durante todo o ano para evitarem doenças de pele e envelhecimento precoce”.
  3. Ideação: este é o momento de gerar ideias, ou seja, é hora de pensar fora da caixa para identificar soluções para o problema que você definiu anteriormente. Junto de sua equipe, o objetivo é obter o máximo possível de ideias, em sessões de fluxo livre de consciência.
  4. Prototipagem: então, a equipe irá produzir versões reduzidas e mais baratas de algumas ideias do estágio anterior. Esses protótipos serão testados dentro da própria equipe e com um pequeno grupo de pessoas de fora. O objetivo é encontrar a melhor solução para o problema do primeiro estágio. Elas serão investigadas e aprimoradas com base nas experiências dos usuários.
  5. Testagem: identificadas as melhores soluções durante a prototipagem, os designers irão testar rigorosamente o produto escolhido, antes de desenvolver a versão final para o mercado.

Embora pareça um processo linear, é importante destacar que o Design Thinking é uma metodologia flexível e fluida. Novas ideias e novos problemas podem surgir ao longo das fases de prototipagem e testagem, por exemplo, fazendo com que toda a cadeia seja repensada.

Lean Startup

A especificidade da metodologia Lean Startup, por sua vez, é oferecer uma abordagem científica capaz de criar startups e levar o produto às mãos do cliente em menos tempo. O objetivo é entender como conduzir uma startup e expandi-la rapidamente, por meio do desenvolvimento de novos produtos.

O objetivo da Lean Startup é eliminar qualquer incerteza em relação à validade e potencial de um novo produto. Ao invés de se perguntar a empresa consegue produzir um produto, deve-se perguntar se a empresa DEVE construir o produto.

Assim, ao invés de a empresa investir recursos para produzir uma ideia que ela não sabe se o mercado quer, ela faz uma espécie de experimentação investigativa. Trata-se de produzir um produto inicial, com poucos recursos, para verificar a aceitação do público, o chamado produto mínimo viável (MVP).

Caso seja bem-sucedido, então são feitos novos testes e iterações, até que o produto esteja pronto para ser de fato colocado em produção, ou seja, até que ele já tenha um segmento de clientes estabelecido, resolvendo problemas reais.

Agile

Agile, por fim, é uma metodologia voltada para desenvolvimento de softwares. Ela prevê uma mudança cultural nas empresas, já que visa a entregar partes individuais de um software ao invés do aplicativo todo.

Há, na verdade, diversos métodos “ágeis”, que se enquadram sob o guarda-chuva desse conceito. Mas todos eles têm algumas características em comum:

  • Menos documentação e mais produtividade;
  • Desenvolvimento de software “em pedaços”, em caráter incremental, lançados em ciclos antes do produto final.
  • Cada “pedaço” é entregue e validado como um produto único;
  • A equipe de desenvolvimento mantém-se próxima do cliente, que continua avaliando e validando cada um dos “pedaços” individualmente.
  • Respostas ágeis a mudanças e necessidades identificadas pelo cliente.

Portanto, a metodologia Agile entende que, ao invés de a empresa ficar gastando tempo e recursos em documentação, negociação, termos de uso e um roteiro e plano de projeto, é mais relevante estar próximo ao cliente, escutar o que o consumidor tem a dizer sobre cada parte do software, tudo antes de entregar o aplicativo final.

Isso promove um desenvolvimento ágil e pragmático de um software que, no final das contas, agregará mais valor ao cliente.

Combinando Design Thinking, Lean Startup e Agile

Somar as particularidades de cada uma das metodologias apresentadas é uma das formas mais eficiente e sustentáveis de geração de valor. Você irá:

  1. Definir a idea a partir da visão empática do Design Thinking;
  2. Transformar essa ideia em um modelo de negócio sustentável e válido por meio do Lean Startup;
  3. E entregar o produto de forma incremental e rápida, através de métodos Agile.

90% das startups fracassam por investirem tempo e recursos em produtos que ninguém quer. Ao combinar essas três estratégias, você estará reduzindo drasticamente o risco de produzir algo que não espaço no mercado.

Isso porque, como você pôde perceber, os três conceitos voltam seus olhos para o cliente, o usuário final, por meio de feedback direto e imediato. Esse feedback evita que se produzam coisas que não têm sentido para o consumidor.

Em palavras simples, ao invés de ficar fazendo mil planos e cálculos sobre um papel ou uma planilha de Excel, o empreendedor se concentra em construir uma ideia real, uma solução, um produto com serventia, baseado em testes e protótipos pré-aprovados por seu próprio público. É fazer um produto com a segurança de que ele será comprado.

 

Daniel Pereira

Daniel é maluco por negócios e não consegue deixar de usar o Business Model Canvas para analisar os mais diversos tipos de Modelos de Negócios. Ele é o Analista de Modelos de Negócios

View Comments

Share
Published by
Daniel Pereira

Recent Posts

Modelo de Negócio: O que é, Como Criar um e 8 Tipos e Exemplos

Afinal, para você: o que é um modelo de negócio? Eu gostaria que você pensasse…

11 months ago

Mapa de Empatia: O que é e como fazer um em 6 passos

O Mapa de Empatia é uma ferramenta, criada pela consultoria de Design Thinking Xplane, que ajuda…

11 months ago

Modelo Canvas: saiba tudo sobre a ferramenta

Por muitos anos o termo modelo de negócios foi usado sem um consenso na sua definição. Muitos…

3 years ago

Modelo de negócio da BizCapital

A BizCapital, fintech brasileira fundada em 2016, cujo propósito, segundo a própria empresa, é “trazer…

3 years ago

Modelo de negócio da SpaceX

A SpaceX é uma empresa privada norte-americana de foguetes comerciais. Ela nasceu há 17 anos…

4 years ago

Modelo de Negócio da Monetus

O Modelo de Negócio da Monetus é do tipo corretagem de negócios. A Monetus é…

4 years ago